SEXO, FUNDOS DE PENSĀO E O FUTURO (NADA CASTO) DOS INVESTIMENTOS
por Eder C. Costa e Silva – o seu Chief Pension’s Un-Boring Officer
A despeito dos enormes avanços que a sociedade humana experimentou nos últimos séculos, sexo continua sendo um assunto carregado de tabus, estigmas e preconceitos. A verdade é que o desconforto em falar sobre sexo persiste até mesmo nos ambientes mais técnicos e profissionais — inclusive nos conselhos dos fundos de pensão.
Mas a realidade é que a indústria do sexo, assim como qualquer outra, é um setor legítimo da economia, com suas startups, inovações, modelos de negócio e claro, riscos e oportunidades para quem investe.
Estamos falando de SexTechs, Apps de Encontros, Coaches de intimidade, Cursos de Educação Sexual, produtos voltados à terceira idade e até de robôs sexuais com inteligência artificial.
Esse ecossistema, que poderia muito bem-estar em uma planilha de análise setorial, é impulsionado por novas gerações que não carregam o mesmo peso moralista sobre o tema. A Geração Z, por exemplo, questiona o status quo não só nos relacionamentos, mas também nos ambientes de trabalho.
Um estudo publicado pela Fast Company mostra que muitos jovens hoje consideram completamente aceitável ter relações sexuais no trabalho, desde que com consentimento e responsabilidade mútua. Pode soar escandaloso para alguns, mas revela uma transformação cultural em curso: sexo está deixando de ser algo escondido para se tornar parte natural da vida — até no “LinkedIn da existência corporativa”.
No começo do ano, escrevi uma trilogia intitulada “Vamos Falar de Sexo nos Fundos de Pensão”, defendendo a tese - nada ortodoxa, eu admito - de que esse setor pode, sim, ser interessante para investidores institucionais. Quem quiser mergulhar nesse universo, pode acessar os textos aqui:
E por falar em futuro: o que dizer dos robôs sexuais equipados com inteligência artificial? Uma publicação recente da Universidade de Leiden discute a urgência de regular o uso dessas tecnologias, levantando questões éticas, de gênero e até de afeto. O que antes parecia ficção científica está cada vez mais ganhando corpo — e mercado.
A economia do desejo, como alguns chamam, está sendo remodelada com as ferramentas da inovação. E se a missão dos fundos de pensão é preparar o futuro, ignorar setores em ascensão por causa de moralismos antigos pode ser, no mínimo, uma miopia estratégica.
Portanto, este artigo é um convite: vamos falar sobre sexo, sim — com responsabilidade, mas sem pudores. Porque investir, no fim das contas, é também reconhecer onde estão as transformações reais da sociedade.
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“Investir é, antes de tudo, um ato de reconhecer para onde o mundo está indo — e não onde gostaríamos que ele permanecesse.”
O elefante nu na sala do comitê de investimentos
Se falarmos de mineração, agronegócio, data centers, fintechs ou imoveis, tudo certo. Mas basta alguém mencionar a palavra “sexo” em uma reunião de conselho que os olhos se desviam, os rostos ficam corados e o clima azeda.
O tema vira piada, desconforto ou silêncio constrangedor. O curioso é que esses mesmos conselheiros gerem fundos com exposição a empresas de bebidas alcoólicas, armamentos (tipo, Embraer), redes sociais que sexualizam corpos e até plataformas de pornografia, via ETFs globais.
Hipocrisia passiva ou distração conveniente?
Fundos de pensão têm a missão de investir com responsabilidade para o longo prazo. Mas responsabilidade não é sinônimo de caretice. Na verdade, negar a existência de setores dinâmicos e inovadores apenas por pudor é, isso sim, um risco — o risco da irrelevância.
A economia do futuro passa por reconhecer que os comportamentos mudaram. E onde há mudança de comportamento, há transformação de mercado. E onde há mercado novo, há oportunidade para o capital paciente e institucional.
A Geração Z chegou — e não pediu licença
A Geração Z não tem medo de conversar sobre temas que, para gerações anteriores, pareciam pertencer ao campo do “íntimo demais”. Intimidade, aliás, virou palavra-chave em muitas dimensões da vida contemporânea. Desde saúde mental até escolhas de consumo, passando, claro, pela forma como as pessoas se relacionam com seus corpos, prazeres e afetos.
O artigo da Fast Company que mencionei anteriormente mostra o quão simbólica é essa mudança: a geração mais jovem do mercado de trabalho já enxerga o sexo no ambiente corporativo com mais naturalidade do que muitos gestores enxergam no campo dos investimentos. Isso não quer dizer que a geração Z seja imprudente — ao contrário: ela entende consentimento, respeito e diversidade como princípios não-negociáveis.
Essa geração não tem medo de aplicar tecnologia na sexualidade. As SexTechs crescem, os robôs sexuais entram em debates sérios sobre regulação, a busca por prazer e conexão digital vira mercado — e, com isso, a economia da intimidade deixa de ser apenas “assunto de revista” para se tornar pauta de portfólio.
Robôs, afeto e retorno ajustado ao desconforto
Um recente estudo publicado pela Universidade de Leiden aprofunda o debate sobre a regulação de robôs sexuais com inteligência artificial. Sim, você leu certo: estamos falando de máquinas que aprendem sobre preferências afetivas e sexuais, e que já estão em uso — especialmente no Japão, Estados Unidos e partes da Europa. A discussão não gira apenas em torno da tecnologia, mas das implicações culturais, sociais e éticas desse novo tipo de interação.
E se hoje soa absurdo pensar nisso como parte de uma carteira institucional, talvez seja interessante lembrar que, há 20 anos, ninguém queria colocar dinheiro em empresas de maconha medicinal, e hoje temos REITs e fundos dedicados ao setor nos EUA e Europa. O mesmo valeu para e-commerce de produtos “adultos”, jogos de azar legalizados e redes sociais que ninguém levava a sério.
O que essas trajetórias ensinam? Que existe um retorno ajustado ao desconforto. Quanto mais um tema gera incômodo, mais potencial ele costuma ter quando observado com racionalidade e menos preconceito.
Para fechar: e se fosse ao contrário?
Imagine por um instante que uma startup de robôs sexuais fosse criada por um grupo de idosos e idosas, com foco em oferecer companhia, afeto e prazer a pessoas acima de 70 anos. E se ela resolvesse abrir capital na B3, se tornasse ESG-friendly, promovesse inclusão, gerasse empregos e fosse rentável?
Você, conselheiro de fundo de pensão, investiria?
Ou deixaria o ativo passar só porque seus colegas ficariam constrangidos na próxima reunião?
Reflexão para os leitores do TECONTEI?:
O papel dos fundos de pensão é garantir dignidade futura, e isso inclui liberdade, bem-estar, saúde e, sim, sexualidade.
Não precisamos moralizar os investimentos. Precisamos profissionalizar as conversas difíceis. Porque o mundo está mudando. E quem investe, precisa mudar junto.
Grande abraço,
Eder.
Opiniōes: Todas minhas | Fontes: “Gen Z wants in-office to be a totally acceptable Thing”, escrito por Sarah Bregel | “New publication - The regulation of sex robots: Gender and sexuality in the era of artificial intelligence”, escrito por Carlotta Rigotti.
Disclaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA, baseado em prompts do autor e informações das fontes citadas.